HISTORIAS

                                 Festa de São Gonçalo mobiliza quilombo Pitanga dos Palmares


PASTORA DO SÃO GONÇALO


Tradição mantida há mais de 150 anos no distrito de Simões Filho envolverá toda a comunidade durante três dias
O silêncio da Fazenda Mocambo, lugarejo onde fica localizado o quilombo Pitanga dos Palmares é rompido nos dias 25, 26 e 27 de janeiro. O que antes era calmaria dará lugar à movimentação. Tudo isso por conta da Festa de São Gonçalo. A tradição secular é mantida em homenagem ao padroeiro da comunidade quilombola. Segundo história oral dos fiéis, assim como Santo Antônio, São Gonçalo é santo casamenteiro. Também é reconhecido como padroeiro dos músicos, das prostitutas, das gestantes e reconciliador dos casais separados.
Durante os festejos além de louvar, agradecer e pedir graças à São Gonçalo a comunidade organiza manifestações culturais a serem apresentadas aos visitantes. Música, dança, artesanato e comidas típicas são algumas. Para quem já acompanhou a festa do padroeiro de Pitanga dos Palmares, um dos momentos mais bonitos é a apresentação da Dança de São Gonçalo. Ela é expressa de forma peculiar: uma mescla de samba-de-roda, terno de reis e ladainhas de reza dá o tom ao bailado. Com um ramo de folhas de São Gonçalinho nas mãos a rainha da dança toca na testa do próximo dançarino a entrar na roda, tudo de forma sincronizada, reproduzindo o formato do número oito. De dois em dois os dançarinos se encontram e finalizam os passos formando um laço.
De acordo com a coordenadora geral da festa de São Gonçalo, Maria Bernadete Moreira, o número oito é considerado símbolo da felicidade, da fé e da continuidade. E é com a certeza de dar continuidade ao legado de resistência dos quilombolas que a Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia apóia a manifestação cultural em Pitanga dos Palmares.



                                                                   HERANÇA



Reconhecida como comunidade quilombola há três anos pela Fundação Cultural Palmares, o distrito Pitanga dos Palmares tem população de cerca de duas mil famílias e concentra sua renda na pesca e no artesanato, a exemplo da piaçava e biscuit, dentre outros. “Nós esperamos que toda a comunidade possa fazer uma festa ainda mais unida que nos outros anos. Nossas dificuldades são imensas, principalmente pra manter nossa cultura viva. Mas, vamos continuar todos os anos, independente de tudo isso”, conclui Maria Bernadete.